Sem fogos e shows, réveillon em Copacabana fica vazio, mas com pontos de aglomeração.

Mais perto de 0h, grupos de pessoas desceram de prédios e hotéis e ocuparam as areias da praia. Desde as 20h de quinta-feira (31), a prefeitura bloqueou os acessos às praias do Leme, na Zona Sul, até o Recreio, na Zona Oeste.

Por Carlos Brito, G1 Rio

Imagens mostram aglomeração de pessoas logo após a virada do ano em Copacabana, no Rio, nesta sexta-feira (1) — Foto: Reprodução/GloboNews
1 de 9 Imagens mostram aglomeração de pessoas logo após a virada do ano em Copacabana, no Rio, nesta sexta-feira (1) — Foto: Reprodução/GloboNews

A noite de 31 de dezembro em Copacabana não teve fogos, milhões de pessoas, palcos ou shows. No réveillon da pandemia, o Rio viveu uma virada atípica, tanto pela ausência de festa como pelo aparente respeito aos pedidos de que a população ficasse em casa.

Quando comparado aos anos anteriores, houve menos abraços, beijos e apertos de mão. O fim de 2020 e a chegada de 2021 testemunharam uma Copacabana mais vazia, mais silenciosa, mas ainda esperançosa. A mudança foi forçada pelo isolamento necessário no combate ao coronavírus.

Ainda assim, mais perto de 0h, grupos de pessoas desceram dos prédios e hotéis para ocupar as areias da praia. Isso causou algumas aglomerações em pontos da orla, como mostrou a GloboNews.

Menos pessoas do que em anos anteriores

A dúvida que existia sobre o respeito às restrições impostas à realização da tradicional festa de réveillon se desfez no início da noite, e foi possível notar que o número de pessoas na praia não seria, nem de longe, parecido ao que costuma lotar o local no último dia do ano.

Calçadão de Copacabana fica vazio no último dia de 2020 — Foto: Carlos Brito/G1

Aliada aos bloqueios de acesso e suspensão planejada de transportes aos bairros da orla, a chuva intermitente que caiu sobre a cidade a partir do meio da tarde pareceu desmotivar a ida até Copacabana e Leme.

As últimas horas de 2020 encontraram as areias dos dois bairros quase que totalmente vazias. Mais perto do mar, algumas pessoas observavam as ondas, enquanto outras cumpriam ritos religiosos, oferecendo flores a Iemanjá.

Areia de Copacabana deserta na noite deste dia 31 — Foto: Carlos Brito/G1
"Nunca vi nada parecido. Não imaginava que as pessoas não viriam – mesmo com o risco da Covid. Achei que isso aqui estaria lotado, mas parece ter mais polícia que turista", comentou o frentista de um dos postos de combustíveis localizados no canteiro central da Avenida Atlântica.

Pelo menos até a meia-noite, as luzes mais intensas na noite de réveillon em Copacabana não vieram dos fogos coloridos no céu, mas sim das lanternas giratórias das dezenas de carros das Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) da Polícia Militar.

Praia de Copacabana bem mais vazia do que anos anteriores — Foto: Ana Castro/Arquivo Pessoal

Espalhados ao longo da orla, os PMs, com auxílio de homens e mulheres do Batalhão de Choque e da Guarda Municipal, além da presença em menor número de policiais civis, impediam aglomerações de maior escala.

A concentração de pessoas se dava em menor número, com vários grupos reduzidos em quantidade de pessoas em deslocamento pelo calçadão. Em alguns momentos, a via chegava a ficar vazia.

Alguns quiosques em Copacabana ainda abriram — Foto: Carlos Brito/G1

Amigos e parentes se reuniram nos poucos quiosques em funcionamento. Boa parte dos estabelecimentos, no entanto, permaneceu fechada. Nesses, funcionários sem ocupação durante a noite, sentados às mesas não utilizadas, conversavam no escuro sobre como foi difícil chegar até ali.

A ausência da multidão permitiu que se ouvisse músicas e até mesmo algumas conversas, vindas das reuniões nos apartamentos na orla. Apenas alguns fogos de artifício eventuais foram disparados de algumas janelas por moradores.

Do Morro Chapéu Mangueira, favela no Leme, também era possível ouvir as explosões e ver luzes que, de forma tradicional, caracterizam o fim do ciclo de 365 dias.

Na hora que antecipou a meia-noite, o movimento esperado se concretizou: turistas hospedados nos hotéis da orla, moradores e pessoas que, mesmo com as restrições de deslocamento, decidiram estar em Copacabana naquele momento desceram em direção à praia.

As pessoas que estavam na praia durante os últimos segundos de 2020 não viram queima de fogos ou explosões no céu escuro de Copacabana. Ainda assim, talvez tenham enxergado um pouco de esperança no ano que acabava de começar.

Bloqueios e restrições

Desde às 20h de quinta-feira (31) foram montados bloqueios e restrições da Prefeitura do Rio na orla das praias da cidade, do Leme, na Zona Sul, ao Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. A circulação de transporte público também foi reduzido nessas regiões.

Sem fogos e shows, Copacabana se prepara para o réveillon

Antes, já estavam proibidas a queima de fogos em qualquer ponto da cidade e a entrada de ônibus, micro-ônibus e vans de fretamento no município. As restrições duram até as 3h de sexta-feira (1).

Prefeitura do Rio deve montar barreiras pela orla na noite da virada

Também foram instalados 23 pontos de bloqueio no acesso a Copacabana18 pontos em Ipanema e Leblon e 13 bloqueios na Barra e no Recreio.

Os acessos às praias do Flamengo e de Botafogo permaneceram abertos, mas com as mesmas restrições de operação do restante da orla, assim como em pontos tradicionais de aglomeração na Zona Norte – os locais não foram indicados pela prefeitura.

Prefeitura do Rio faz bloqueios para limitar acesso a Copacabana — Foto: Carlos Brito/G1

As iniciativas são parte do pacote de medidas restritivas para o réveillon na orla do Rio de Janeiro, que têm como objetivo conter mais contaminações pelo novo coronavírus.

Copacabana será totalmente fechada. Até as 6h desta sexta-feira, o acesso de carro, táxi e veículos de aplicativo ao bairro estará restrito a moradores, trabalhadores e hóspedes com reserva — que precisarão apresentar comprovação.

O bairro de Copacabana será fechado para o trânsito às 20h de quinta (31) — Foto: Reprodução/COR

Dez mil policiais militares, além de equipes da Guarda Municipal e outros órgãos, atuam para conter aglomerações.

Veja o detalhamento das regras:

  • A queima de fogos está proibida em toda a orla da cidade desde as 0h do dia 30 de dezembro até as 7h do dia 1º de janeiro. Nem mesmo a rede hoteleira poderá acionar fogos de artifício;
  • Proibida a realização de festas privadas, shows ou qualquer evento ao longa da orla, pelos quiosques, seja na areia ou no calçadão, inclusive a colocação de cercadinhos; estabelecimentos que já têm alvará para eventos poderão realizar, seguindo as 'regras de ouro' da prefeitura;
  • O uso de equipamentos de som é proibido em toda a extensão da orla a partir da 0h do dia 31 até as 6h do dia 1º, inclusive na faixa de areia, quiosques e calçadão;
  • O trabalho dos ambulantes também será restrito. A permanência de barraqueiro em ponto fixo, tanto na areia da praia quanto no calçadão, fica proibida da 0h do dia 31 às 6h do dia 1º;
  • Bloqueios viários nos acessos à orla, inclusive de veículos de entrega e de carga e descarga, entre 20h de quinta (31) e 3h do dia 1º; exceto veículos de moradores e hóspedes de hotéis, mediante comprovantes, e transporte de empregados de estabelecimentos da orla;
  • Ônibus, micro-ônibus e vans de fretamento não poderão entrar nos acessos à orla a partir das 20h do dia 31 até as 3h do dia 1º;
  • Táxi só entra com passageiro com comprovante de morador, hóspede ou trabalhador;
  • Estacionamento proibido em toda a extensão da orla, exceto moradores ou hóspedes de hotéis, com comprovantes.

Aglomerações e festas

Polícia é chamada para dissipar festas em Santa Teresa e nas areias de Ipanema

Imagens feitas pelo Globocop e pela equipe de reportagem da TV Globo mostraram uma multidão na altura da Rua Farme de Amoedo, entre os postos 8 e 9 da orla.

Na quarta-feira, uma festa lotou a areia e foi preciso que a polícia chegasse para acabar com o evento.

Mesmo com a atuação dos policiais, muitas pessoas continuaram na areia e no calçadão. Praticamente nenhuma delas usava máscara. Nas areias ficaram garrafas de vidro, plástico e sujeira.

Aglomeração na Praia de Ipanema, nesta quarta-feira (30) — Foto: Reprodução/TV Globo

Mesmo com a atuação dos policiais, muitas pessoas continuaram na areia e no calçadão. Praticamente nenhuma delas usava máscara. Nas areias ficaram garrafas de vidro, plástico e sujeira.

PM dispersa festa na Praia de Ipanema; areia ficou repleta de garrafas — Foto: Reprodução/TV Globo

Em Santa Teresa, um major do Corpo de Bombeiros tentou impedir a autuação e foi detido.

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